A Prefeitura de Contagem, na manhã desta quarta-feira (12/6), realizou uma ação de conscientização junto à população, alertando para a exploração do trabalho de crianças e adolescentes. Neste 12 de junho, quando se celebra o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho e Segurança Alimentar se mobilizaram e em um ato, com faixas, apitos e balões, distribuíram material educativo e informativo à população nos arredores da praça da Jabuticaba, no Centro da cidade.
Mobilização leva mensagens e orientações à população no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. Foto Ronnie Von/PMC
De acordo com um levantamento da Fundação Abrinq, as estimativas são que, no mundo, 152 milhões de crianças e adolescentes trabalham, sendo mais de 1 milhão somente no Brasil. Reverter esse quadro é motivo de campanhas pelo país, inclusive em Contagem. Na ação realizada esta manhã, um dos alertas à população foi informar os mitos e as verdades sobre o trabalho infantil. Entre os temas abordados estiveram questionamentos sobre “É melhor trabalhar do que roubar”; “O trabalho enobrece e fortalece o caráter”; “Trabalhar ajuda na manutenção da família”; “Trabalhar não mata ninguém”; “Trabalho traz futuro”; e “Ajudar em casa pode?”.
A pesquisa, de 2021, que utilizou os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 86% de adolescentes entre 14 e 17 anos que estão no mercado de trabalho encontram-se em situação de trabalho infantil. Minas Gerais é o segundo estado com maior incidência desse tipo de situação, atrás somente do Mato Grosso, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM).
Para a secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho e Segurança Alimentar, Daniela Tiffany, o dia 12 de junho é uma data que lembra a todos nós sobre a importância de proteger nossas crianças e garantir que tenham um futuro livre de exploração. “Vamos continuar promovendo o debate e sensibilizando nossa cidade sobre a importância de erradicar o trabalho infantil, garantindo que crianças e jovens tenham a oportunidade de crescer, aprender, brincar e se desenvolver plenamente", destacou.
Na opinião da subsecretária de Assistência Social, Michele Caldeira, “trabalho infantil priva milhões de crianças da infância, da educação e da segurança que merecem. É cada vez mais importante que unamos forças para erradicar essa prática, tratando com a seriedade devida, com políticas públicas bem estruturadas e eficazes, além da promoção de uma ampla conscientização sobre os graves prejuízos do trabalho infantil para toda a sociedade”, completou.
Vendedor ambulante, Gaspar Xavier da Silva, 78, aplaudiu a ação da Prefeitura. Para ele, que passou a vender biscoitos nos sinais após a pandemia como complemento de renda, “lugar de criança é na escola, estudando”. Além disso, salientou que “o exemplo tem que vir de casa”. “Os pais, eu entendo, em vários casos, precisam de aumentar a renda doméstica. Mas não é com a ajuda da criança, do adolescente, retirando-os da escola. Para que elas sejam, no futuro, pessoas de bem e que possam ajudar a mudar essa situação, é preciso ter instrução. E isso só vem com o estudo”, ressaltou.
Para seu Gaspar "lugar de criança é na escola, estudando e brincando". Foto Ronnie Von/PMC
No mesmo sentido, Divaneide Ferreira, moradora do bairro Fonte Grande, validou o que foi dito por Gaspar. “O alerta é válido, pois lugar de criança é na escola, brincando, estudando, sem trabalhar”.
Compromisso desde 2000
O Brasil ratificou a discussão feita na Convenção 182 da OIT. Em 2000, comprometeu-se a adotar medidas imediatas e eficazes para proibir e eliminar as piores formas de trabalho infantil. Para isso, foi elaborado naquela época, a lista das “Piores Formas de Trabalho Infantil”, que incluiu atividades na agricultura; trabalho doméstico; produção e tráfico de drogas; trabalho informal urbano; trabalho com lixo e exploração sexual de crianças e adolescentes.
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